Crônica sem motivação cômica
O
caso que vou contar é vexatório e cínico. Perto do período de Carnaval, em 2016,
eu estava a fim de descansar e me preparar para novos projetos ao longo do ano,
mas caí de cama, afetada pelo inimigo número 1 da saúde pública, pela 3ª terceira
vez: dengue...
Estava sentada no café do laboratório
de análises clínicas, no centro da cidade, em Campo Grande – MS. Havia tirado
bastante sangue. Fragilizada, pequena, cabelos soltos, calça de moleton,
chinelo e camiseta... quem vai pensar em se arrumar numa leseira daquelas?
Sentou- se ao meu lado um senhor,
estatura baixa, aparentando mais de 65 anos, cabelos pintados, e começou a
conversar...
- Você gosta de Natura?
- Gosto sim.... (pensei que ele queria vender)
- Prefere o quê? batom, perfume, creme?
- Não gosto muito dos perfumes. Acho que prefiro batons. Mas tem outras marcas que gosto mais.
- Gosto sim.... (pensei que ele queria vender)
- Prefere o quê? batom, perfume, creme?
- Não gosto muito dos perfumes. Acho que prefiro batons. Mas tem outras marcas que gosto mais.
- Então você pode ser minha
amiga, se você for comigo ali no meu carro e fizer coisas que gosto posso te
dar presentes. Você pode escolher, pode ser batom, mas depois posso te dar os
mais caros, de perfumaria mesmo...
Foi
quando fiquei sem voz, veio aquela aceleração cardíaca, hiper-ventilação, punho
já fechado....e o tal “velhinho” me veio com a derradeira pergunta:
- Quantos aninhos você tem mesmo??
- AHHHHH!!!! Foi quando gritei
TRINTA E SEIS!!!....o tal velhote sumiu, escafedeu-se, evaporou, evadiu-se do
local....Me vieram à mente filmes de Bruce Lee, Jackie Chan, Chuck Norris e Sylvester
Stallone. Eu queria mesmo dar voadoras, chutes e pontapés! E imaginei a
manchete nos jornais locais: Mulher “histérica” espanca “idoso” em café de laboratório
de análises clínicas, e a opressora seria eu.
Refleti e concluí que precisamos olhar bem
de perto os dois lados de todas as histórias. Conhecer, pesquisar, fugir dos
estereótipos. Veja nesse caso: nem sempre uma pessoa considerada “idosa” é vítima. Que situação
cínica!
Quem leu minha crônica?
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