segunda-feira, 6 de março de 2017

A fatalidade inequívoca da história da psicanálise

Na origem da psicanálise, últimos anos do século XIX, o jovem médico austríaco Sigmund Freud, projeta-se com a proposição da libido a partir das excitações somáticas, numa tentativa de explicar a angústia como uma intoxicação neurótica. Em 1906, um outro jovem médico, o suíço Carl G. Jung, interessadíssimo nas técnicas praticadas por Freud, envia-lhe seus estudos sobre as associações verbais. Este ato marcou o início de uma estreita colaboração entre eles por sete anos. À medida que, o tempo entrelaçava suas correspondências, mais evidente ficava a incompatibilidade teórica em suas pesquisas. Apesar de ainda sem conclusão, Freud se servia da sexualidade como âmbito primário para explicação das motivações humanas, mas a possibilidade aberta por Jung de aplicar a psicanálise à clínica das psicoses deixa Freud entusiasmado e investe na parceria.

O conceito de sexualidade na teoria freudiana, escapa a noção restrita de genitalidade e a posição de Jung, não só permanecia divergente como fez numerosas tentativas de neutralizar o papel da sexualidade, não acreditando que a comunidade científica seria capaz de alcançar tal compreensão com a devida abrangência. Jung por sua vez postulava que a libido poderia ter como resultante uma energia não apenas da pulsão sexual. O início do rompimento da colaboração de ambos se deu com a publicação do último capítulo do livro Símbolos da Transformação da Libido, em 1912. Nele, Jung propunha que ela, a libido, pudesse sofrer muitas transformações, alcançando formas espirituais. Diante de tal declaração, Freud rompe definitivamente com Jung, acusando-o de deturpar a teoria psicanalítica e de não ter entendido a instância do inconsciente no psiquismo humano.

Jung continua presidindo a Associação Psicanalítica Internacional criada por Freud, porém em meados de 1912, Ernest Jones que se tornaria biógrafo oficial de Freud, lança mão da criação de um comitê secreto, elaborado originalmente por Ferenczi, no intuito de proteger a teoria psicanalítica e consequentemente Freud, pois entendiam que obra e autor, eram inseparáveis.

Em sua primeira carta à Jung no ano de 1913, Freud propõe que abandonassem de vez e por completo, suas relações pessoais. Freud diz nesta correspondência, que “um homem não deve subordinar seus sentimentos pessoais aos interesses gerais do seu ramo de empreendimentos”. A carta ainda revela seu fracasso em convencer Jung de seus equívoco quanto a sua teoria, apesar de elogiar por diversas vezes seu trabalho e obra. Assim, neste radical posicionamento, Freud distingue, definitivamente, a psicanálise das teorias de Jung.


Em 1914, Jung fora reeleito presidente da IPA por três quintos dos presentes na reunião e se afasta pouco tempo depois. 

Disciplina: Linguagem e Argumentação
Grupo: Alex, Carlos, Fabrycio, Fabiano, Juliano, Valdir

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